Frente ao fascismo, não esmorecer nem recuar!
Ontem, dia 28 de outubro, foi um dia muito difícil para os brasileiros, imigrantes ou não, e para todas as pessoas que acreditam na liberdade, justiça e igualdade. A eleição do candidato fascista Jair Bolsonaro, com seu discurso racista, xenófobo e LGBTfóbico foi certamente um golpe duro para todos, não devido a um apreço pelo estado burguês, mas justamente pelo fato deste discurso ter atraído tantos brasileiros e brasileiras. Durante o processo eleitoral, foram registrados inúmeros ataques físicos de carácter racistas e lgbtfóbicos, diretamente ligados aos discurso de ódio propagado pelo canditado eleito. Nada indica que estes ataques irão diminuir ou perder a sua força, muito pelo contrário: a eleição de Bolsonaro pode servir como a autorização moral que faltava para que indíviduos e grupos utilizem da força contra a integridade física e moral do nosso povo. A ação violenta por parte do estado brasileiro, que sempre se encontrou em níveis alarmantes, também tende a aumentar. Nesta situação é importante não sermos ingênuos ou demasiados simplistas. O fascismo no Brasil não começou com o surgimento da figura do Bolsonaro. Sabemos desde muito que o Brasil é um estado genocida desde a sua origem. Fundado na matança de indígenas e na escravidão do povo negro para o saque da natureza para exportação para o mercado internacional, a vida para os de baixo sempre foi pesada no Brasil. Nos ultimos tempos, presenciamos juntamente com o aprofundamento da crise econômica o aumento da militarização da sociedade brasileira, com a militarização das Favelas, a criação das UPPs, o exército sendo utilizado para os despejos para a Copa do Mundo, das Olimpíadas e da construção genocída de Belo Monte, bem como a aprovação da Lei Antiterrorista, criação da Força Nacional de Segurança entre outros. Criou-se o clima e a situação estrutural perfeita para o surgimento de um governo fascista de facto, não apenas nas ações práticas mas no discurso genocída anti conciliatório. Frente a intensificação do choque contra o povo, defendemos a necessidade de trabalharmos na criação de coletivos e comitês antifascistas e de autodefesa popular. Não podemos estar a mercê dos nossos algozes, de maneira passiva e contando com a legitimidade de um sistema criado por eles mesmos. Sabemos que o fascismo é o recurso que a burguesia utiliza sempre que vê a velocidade do seu fluxo de acumulação do capital ameaçada. Este momento é fruto das engenharias e das alianças dos de cima, para que tudo fique como está. Desde terras portuguesas, nos solidarizamos com nossas irmãs e irmãos brasileiros que permanecem no Brasil, com a consciência de que serão tempos de duros enfrentamentos. Sabemos também que este movimento não se restringe às fronteiras nacionais, fazendo parte de uma onda que varre também a Europa e outros territórios de destino dos imigrantes. Como imigrantes e corpos periféricos, somos sensíveis e vulnerabilizados a esta maré política violenta. Cabe a nós também a tarefa da organização e da autodefesa antifascista, tanto aqui quanto em apoio aos comitês que são formados ao Brasil. Não temos tempo de ter medo. Frente a ameaça fascista, não esmorecer nem recuar jamais!
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RELLA Resistência Estudantil Luta e Liberdade é uma organização de tendência estudantil de caráter popular, classista, combativo, horizontal e autônomo, pela construção de um movimento estudantil autogestionário que responda às necessidades de luta e resistência contra os ataques os quais as e os estudantes têm sido alvo. Histórico
Janeiro 2021
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