Há mais de um mês que os docentes de todo o país se encontram em greve às avaliações. Os docentes exigem a contagem do tempo integral de serviço para a sua progressão na carreira (9 anos, 4 meses, 2 dias), enquanto que o governo minoritário PS (apoiado em parlamento por PCP e BE) não admite o mesmo número de horas (2 anos, 10 meses e 8 dias).
A proposta do governo e do ministro Tiago Brandão Rodrigues é uma vergonha e uma grave ofensa não só a todos os professores mas também o deve ser a toda a classe trabalhadora, mostrando como no regime do Capital o suor da nossa gente é sempre menosprezado. A greve dos docentes tem tido uma enorme taxa de adesão, e mesmo com o ataque do Ministério de Educação através do requerimento dos serviços mínimos, as e os trabalhadores ousaram ser astutos de forma a manter a greve, continuando o seu boicote às reuniões e em alguns casos pondo em prática fundos de greve. Dentro dos movimentos em que participa e participou, a militância da Resistência Estudantil Luta e Liberdade tem apoiado e promovido a solidariedade com a greve das e dos professores, tentando também incentivar a presença em manifestações da sua luta. Repudiamos assim todos os cortes e congelamentos dos quais os trabalhadores da Educação têm sido alvo, bem como as propostas de negociação que têm sido apresentadas pelo governo para a concretização deste apagão ao tempo de serviço dos docentes. Denunciamos a tentativa de argumentação que se pode ouvir especialmente à direita de que os professores estão a querer mais que os outros trabalhadores, que todos sofreram com a crise. A luta de uma parte da classe não impede a luta da restante parte da classe, muito pelo contrário, deve servir de força e incentivo. Nós, estudantes, temos obrigação de nos solidarizar sobre a educação que queremos, e uma educação que precariza professores jovens contratados, que cada vez mais atribui trabalho burocrático aos docentes, que não é contabilizado como horário de serviço e que se sobrepõe ao trabalho letivo e exausta a maior parte dos trabalhadores, e que depois ainda cospe no trabalho passível de ser contabilizado, não é uma educação que nos sirva. Notamos ainda como o Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P) que tem mantido uma postura não-compactuante e iniciadora, não foi convidado para a mesa de negociação de dia 11 de julho, onde há probabilidade de que os sindicatos do costume se contentem com pouco e larguem esta jornada, não representando novamente os interesses dos e das trabalhadoras. Com a aproximação das férias e com o governo encostado à parede, é importante que as e os professores não cedam à pressão, às mentiras e tentativas de desmobilização do ministro, nem ao seu próprio cansaço, sabendo que o tempo perdido agora dificilmente será reposto, e mantenham a sua exigência de 9 anos, 4 meses, e 2 dias, que já esteve muito mais longe de ser ganha. Núcleo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da RELL
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RELLA Resistência Estudantil Luta e Liberdade é uma organização de tendência estudantil de caráter popular, classista, combativo, horizontal e autônomo, pela construção de um movimento estudantil autogestionário que responda às necessidades de luta e resistência contra os ataques os quais as e os estudantes têm sido alvo. Histórico
Janeiro 2021
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